Socialização

Desde os primórdios da espécie, vivemos em sociedade; sem dúvidas ela é indispensável para suprir as principais necessidades do animal humano. Imaginemos alguém com os recursos básicos para sua sobrevivência e sem anseios de interagir com pessoas. Como seria este sujeito? Imagino que seria um ser sem necessidades afetivas; sem carências sexuais; sem pretensão de ampliar a visão que tem da natureza de sua espécie -no sentido de não querer conhecer o estilo de vida dos seus 'semelhantes'- este seria completamente indiferente. Deixando o exemplo um pouco de lado, a questão que ponho em xeque é o porquê de nos socializarmos -além de para prover as condições mais básicas para nossa sobrevivência, claro.

Por que conversamos com pessoas?
Por que sentimos necessidade de sermos notados?

Isso é uma maneira de fugir do tédio, pois ele nos faz sentir o grande vazio que é a existência. Nós, assim como o exemplo citado, apenas vegetamos; mesmo tendo sentimentos... vivemos para a morte. O fato de querer ser notado parte da vaidade; dos caprichos do ego; da necessidade humana de valorizar-se, de fugir de si próprio. Coisa que é perfeitamente normal por sermos carentes e constituídos de efemeridades, literalmente. Quando interagimos com alguém por necessidade de fuga, criamos ilusões, carnavais... um desfile de máscaras! Tudo é movido por um jogo de interesses, a pessoa passa a ser vista apenas como um meio; uma ferramenta que dá acesso a jogos cuja a principal finalidade é a busca incessante pela satisfação do ego. Pois bem, isso é apenas uma parte da natureza humana, coisa que, de certa forma, pode ser controlada. Para quem vê a socialização vestida, ela pode parecer totalmente desejável, ou até abominável. Entretanto, se conseguir enxergar além da sua malícia, poderá vê-la nua e perceberá que, na verdade, ela é apenas uma moeda de troca e nós determinamos o seu  valor. Todavia, percebe-se que é indispensável para a boa vivência. Nada no meio social nos é dado sem segundas intenções, há interesses ocultos até na mais sincera generosidade. Por sermos efêmeros sempre precisamos de algo para substituir o que foi perdido. Certas coisas só se conquistam após a morte de outras, não devemos nos prender ao luto. Perdemos porquê tomamos, tomamos porquê nada nos é genuíno. Nos alimentamos do que tomamos; vivemos para perder e tomar, assim garantimos uma boa digestão. Tudo que possuímos adquirimos por meio de barganhas; até nossa vida. Não passamos de barganha da natureza; de moeda de troca; de adaptações que formam um organismo, cujo o único objetivo é reproduzir-se e morrer. Somos mero fruto do acaso, o acaso criou a vida que, seguindo o acaso, gerou a consciência; nós somos apenas animais conscientes que vivem à deriva, dispostos no acaso.


::.Édna [19/09/2011].::
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